Nova gestão da Even Construtora e Incorporadora - encabeçada pelos dois co-presidentes, Dany Muszkat e João
Eduardo de Azevedo e Silva, e pelo presidente do conselho de administração, Leandro Melnick - adota discurso de
continuidade em relação à anterior, mas deixa claro que a companhia terá mais "visão de dono" e vai reforçar os
focos no longo prazo e no retorno de capital investido.
"A ideia é de continuidade, mas daremos atenção especial ao ROE [retorno sobre patrimônio] e à visão de longo
prazo", diz Melnick, ressaltando que o conselho será mais ativo. A participação dos representantes do conselho no
capital passou de cerca de 10% na gestão anterior para fatia superior a 30%, sem considerar minoritários.
Melnick é parceiro da Even na região Sul, por meio da Melnick Even, e um dos cotistas do fundo Melpar, maior
acionista da companhia, com cerca de 26% do capital. Os nomes de Hermes Gazzola, John Harris, Nicolau Ferreira
Chacur e Rodrigo Geraldi Arruy também foram indicados para o conselho e aprovados. "O conselho passa a
representar quem são, efetivamente, os donos da empresa", afirma Melnick. As reuniões do conselho, que ocorrem
duas vezes a cada trimestre, passarão a ser mensais, e será criado comitê de auditoria e pessoas para reforçar a
governança.
Muszkat e Silva ainda precisam ser eleitos, formalmente, como co-presidentes pelo conselho. É preciso também
incluir, no estatuto da Even, a figura de co-presidente. Ontem, o fundo Melpar reiterou a intenção que os dois
continuem nos cargos que ocupam, interinamente, desde a renúncia de Carlos Terepins das presidências executiva
e do conselho da Even, em 20 de outubro. Antes da saída de Terepins, Muszkat e Silva eram vice-presidentes
financeiro e de operações, respectivamente.
O planejamento estratégico e as novas metas para a companhia serão definidos nos próximos meses. "Nada vai
mudar em relação à disciplina financeira, à alavancagem saudável e à política de caixa mínimo da Even", diz
Muszkat. Há intenção de manter as margens da companhia. "Entre participação de mercado e rentabilidade,
vamos escolher a rentabilidade", afirma Silva.
A Even já havia divulgado que os lançamentos do acumulado deste ano serão inferiores aos de 2014, mas o trio à
frente da companhia prefere não bater o martelo em relação a qual será o tamanho da incorporadora em 2016. A
empresa tem atuação em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
"A estratégia do conselho, no longo prazo, não é reduzir a Even. Mas, mês a mês, trimestre a trimestre, vamos ver
que tamanho a empresa precisa ter naquele momento", diz Melnick. Muszkat ressalta que a Even mantém as
atenções na venda de estoques, lança apenas projetos que considera "resilientes" e possui produtos para
apresentar, em 2016, "se houver mercado". Descontos podem ser concedidos, caso a caso, na venda de estoques,
segundo Muszkat.
"Temos 60 anos de experiência na mesa para decidir o que é melhor fazer", diz Silva. Individualmente, Melnick,
Muszkat e Silva estão há quase 20 anos no setor. Na avaliação de Silva, o mercado imobiliário voltará a ter
expansão quando houver expectativa que o país retomará o crescimento. "O cenário [do Brasil] será ruim em 2016,
mas estamos preparados para isso", diz Muszkat.
O fundo Melpar, que só possui investimentos na Even, é gerido pela Nova Milano e tem entre seus acionistas o
empresário Alexandre Grendene. Segundo Melnick, o Melpar foi criado com visão de longo prazo para aproveitar
oportunidades de mercado imobiliário, e o interesse na Even vem desde a sua constituição. Não há um plano préestabelecido,
de acordo com Melnick, de até que fatia da incorporadora o fundo pretende alcançar. "O fundo tem
capacidade financeira robusta e pode comprar mais, tendo oportunidade." O presidente do conselho destaca que o
Melpar "é um acionista relevante, mas não o controlador da Even".
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